FORMAS POÉTICAS 34 — RONDÓ [4]
Para encerrar, o rondó arcádico tem uma quadra-refrão entre duas quadras ou uma oitava. Os versos são redondilhas maiores, com rimas encadeadas. O poeta que melhor realizou esse tipo de poema foi Silva Alvarenga.
Para encerrar, o rondó arcádico tem uma quadra-refrão entre duas quadras ou uma oitava. Os versos são redondilhas maiores, com rimas encadeadas. O poeta que melhor realizou esse tipo de poema foi Silva Alvarenga.
A LUZ DO SOL
Luz do sol, quanto és formosa,
Quem te goza não conhece;
Mas se desce a noite fria,
Principia a suspirar.
Quando puro se derrama
Vivo ardor no ameno prado,
Pelas brenhas foge o gado
Verde rama a procurar.
E se o astro luminoso
Deixa tudo em sombra fusca
Triste então o abrigo busca
Vagaroso a ruminar.
Luz do sol, quanto és formosa,
Quem te goza não conhece;
Mas se desce a noite fria,
Principia a suspirar.
Lavrador, que aflito e velho,
Sobre o campo endurecido,
Ver deseja submergido
O vermelho sol no mar.
E se o úmido negrume
Tolda os céus, e os vales banha,
Fita os olhos na montanha,
Onde o lume vê raiar.
Luz do sol, quanto és formosa,
Quem te goza não conhece;
Mas se desce a noite fria,
Principia a suspirar.
Pela tarde mais ardente
O pastor estima as grutas,
Onde penhas nunca enxutas
Vê contente gotejar.
E se as trevas no horizonte
Desenrolam negro manto,
Com saudoso e flébil* canto
Faz o monte ressonar.
Luz do sol, quanto és formosa,
Quem te goza não conhece;
Mas se desce a noite fria,
Principia a suspirar.
Assim Glaura, que inflamada
Perseguiu aves ligeiras,
Quer à sombra das mangueiras
Descansada respirar.
Entre risos, entre amores,
Se lhe falta o dia, chora,
E vem cedo a ver a aurora
Sobre as flores orvalhar.
Luz do sol, quanto és formosa,
Quem te goza não conhece;
Mas se desce a noite fria,
Principia a suspirar.
Luz do sol, quanto és formosa,
Quem te goza não conhece;
Mas se desce a noite fria,
Principia a suspirar.
Quando puro se derrama
Vivo ardor no ameno prado,
Pelas brenhas foge o gado
Verde rama a procurar.
E se o astro luminoso
Deixa tudo em sombra fusca
Triste então o abrigo busca
Vagaroso a ruminar.
Luz do sol, quanto és formosa,
Quem te goza não conhece;
Mas se desce a noite fria,
Principia a suspirar.
Lavrador, que aflito e velho,
Sobre o campo endurecido,
Ver deseja submergido
O vermelho sol no mar.
E se o úmido negrume
Tolda os céus, e os vales banha,
Fita os olhos na montanha,
Onde o lume vê raiar.
Luz do sol, quanto és formosa,
Quem te goza não conhece;
Mas se desce a noite fria,
Principia a suspirar.
Pela tarde mais ardente
O pastor estima as grutas,
Onde penhas nunca enxutas
Vê contente gotejar.
E se as trevas no horizonte
Desenrolam negro manto,
Com saudoso e flébil* canto
Faz o monte ressonar.
Luz do sol, quanto és formosa,
Quem te goza não conhece;
Mas se desce a noite fria,
Principia a suspirar.
Assim Glaura, que inflamada
Perseguiu aves ligeiras,
Quer à sombra das mangueiras
Descansada respirar.
Entre risos, entre amores,
Se lhe falta o dia, chora,
E vem cedo a ver a aurora
Sobre as flores orvalhar.
Luz do sol, quanto és formosa,
Quem te goza não conhece;
Mas se desce a noite fria,
Principia a suspirar.
Silva Alvarenga, in Glaura, Poemas Eróticos, Rondós.
* flébil = choroso, lacrimoso.
* flébil = choroso, lacrimoso.
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