Eu sou por Natureza feito para meu próprio bem; não para meu próprio mal.

Dos Ensinamentos Áureos de Epicteto.


quinta-feira, 20 de novembro de 2014

BALADA — Filinto de Almeida

FORMAS POÉTICAS 03 — BALADA
As baladas narrativas são antigos poemas medievais, de tema cavaleiresco, característicos dos países de língua alemã e inglesa. Pertencem ao gênero épico, ou narrativo e didático. Depois da Idade Média, as baladas passaram a nomear poemas narrativos de eventos romanescos, lendários ou fantásticos.
Exemplos de balada narrativa são O Rei de Tule de Goethe, e O Antigo Marinheiro (The Rime of the Ancient Mariner) de Coleridge. No Brasil, Manuel Bandeira escreveu a Balada de Santa Maria Egipcíaca.
A balada de forma fixa foi muito praticada pelos poetas parnasianos. Segundo Bilac e Passos, in Tratado de Versificação:
"Alguns poetas do Brasil adaptaram à métrica nacional a balada francesa, típica, cuja forma foi fixada por Villon e Marot, com três oitavas, em redondilhas (septissílabos), ou em octissílabos, com as mesmas rimas, e seguidas de uma quadra em que as rimas se repetem."

Esse tipo de Balada pertence ao gênero lírico. A Balada de Filinto de Almeida, que se segue, é exemplo disso.

Por noite velha, no castelo,
Vasto solar dos meus avós,
Foi que eu ouvi, num ritornelo,
Do pagem loiro a doce voz.
Corri á ogiva para vê-lo,
Vitrais de par em par abri,
E, ao ver brilhar o meu cabelo,
Ele sorriu-me, eu lhe sorri.

Venceu-me logo um vivo anelo,
Queimou-me logo um fogo atroz;
E toda a longa noite velo,
Pensando em vê-lo e ouvir-lhe a voz.
Triste, sentada no escabelo,
Só com a aurora adormeci...
Sonho, e no sonho, haveis de crê-lo?
Inda o meu pagem me sorri!

Seguindo a amá-lo com desvelo,
Por noite velha, um ano após,
Termina enfim o meu flagelo,
Felizes fomos ambos nós...
Como isto foi, nem sei dizê-lo!
No colo seu desfaleci...
E, alta manhã, no seu morzelo,
O pagem foge, e inda sorri...

Dias depois, do pagem belo,
Junto ao solar onde eu o ouvi,
Ao golpe horrível do cutelo
Rola a cabeça, e inda sorri...

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