Eu sou por Natureza feito para meu próprio bem; não para meu próprio mal.

Dos Ensinamentos Áureos de Epicteto.


sábado, 4 de outubro de 2014

A FLOR DO CAMINHO — Juan Ramón Jiménez

Como é pura, Platero, e como é bela esta flor do caminho! Passam a seu lado todos os tropéis – os touros, as cabras, os potros, os homens – e ela, tão tenra e tão frágil, permanece erguida, malva e delgada, em seu cercado solitário, sem contaminar-se com impureza alguma.
Todos os dias, quando, ao começar a encosta, tomamos o atalho, tu a viste em seu verde recanto. Já tem a seu lado um passarinho, que se eleva – por quê? – ao nos aproximarmos; ou está repleta, como uma pequena taça, da água clara de uma nuvem de verão; e permite o roubo de uma abelha ou o volúvel adorno de uma mariposa.
Esta flor viverá poucos dias, Platero, embora sua lembrança possa ser eterna. Será sua existência como um dia de tua primavera, como uma primavera de minha vida... O que eu não daria ao outono, Platero, em troca desta flor divina, para que ela fosse, diariamente, o exemplo singelo e sem fim da nossa vida?!

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