Eu sou por Natureza feito para meu próprio bem; não para meu próprio mal.

Dos Ensinamentos Áureos de Epicteto.


quinta-feira, 23 de outubro de 2014

FANTASIA DO CREPÚSCULO — Friedrich Hölderlin

Descansa o lavrador à sua porta
E vê o fumo do lar subir, contente.
Hospitaleiramente ao caminhante
Acolhem os sinos da aldeia.

Voltam os marinheiros para o porto.
Em longínquas cidades amortece
O ruído dos mercados; na latada
Brilha a mesa para os amigos.

Ai de mim! de trabalho e recompensa
Vivem os homens, alternando alegres
Lazer e esforço: por que só em meu peito
Então nunca dorme este espinho?

No céu da tarde cheira a primavera;
Rosas florescem; sossegado fulge
O mundo das estrelas. Oh! levai-me,
Purpúreas nuvens, e lá em cima

Em luz e ar se me esvaia amor e mágoa!
Mas, do insensato voto afugentado,
Vai-se o encanto; escurece, e, solitário,
Como sempre, fico ao relento.

Vem, suave sono! Por demais anseia
O coração; um dia enfim te apagas,
Ó mocidade inquieta e sonhadora!
E chega serena a velhice.

Tradução de Manuel Bandeira, grande poeta modernista brasileiro.
 

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