Eu sou por Natureza feito para meu próprio bem; não para meu próprio mal.

Dos Ensinamentos Áureos de Epicteto.


quarta-feira, 8 de outubro de 2014

PLATERO 1 — Juan Ramón Jiménez

Platero é pequeno, peludo, suave; tão macio por fora, que se diria todo de algodão, que não tem ossos. Só os espelhos de azeviche de seus olhos são duros como dois escaravelhos de cristal negro.
Deixo-o solto, e se vai ao prado, e acaricia levemente com seu focinho, roçando-as apenas, as florezinhas rosas, celestes e amarelas... Chamo-o docemente: "Platero?", e vem a mim com um trotezinho alegre, que até parece que se ri, com um não sei que tilintar ideal...
Come tudo que lhe dou. Gosta de laranjas mandarinas, uvas moscatéis, todas de âmbar, os figos roxos, com sua cristalina gotinha de mel...
É terno e mimoso como um menino, uma menina...; mas forte e seco como se fosse de pedra. Quando passo, montado nele, nos domingos, pelas últimas ruas do povoado, os homens do campo, vestidos com roupas limpas e sem pressa, ficam a mirá-lo:
— É de aço...
É de aço. Aço e prata da lua, ao mesmo tempo.

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