Eu sou por Natureza feito para meu próprio bem; não para meu próprio mal.

Dos Ensinamentos Áureos de Epicteto.


quinta-feira, 17 de julho de 2014

MOTSÉ - CONTRA A GUERRA DE AGRESSÃO

Se alguém invade um jardim particular e furta pêssegos e ameixas, e é descoberto, todos o condenarão como errado. Se for apanhado pelas autoridades, será punido. Por quê? Porque causou dano a outros.
Se alguém rouba a seu vizinho galinhas, porcos e cães, isso é considerado crime mais sério. Por quê? Porque o dano causado a outros é maior. Se o crime cometido é maior, o homem que o faz é considerado pior, e maior é a punição.
Ora, se alguém entra no estábulo de outro e lhe furta os cavalos ou o gado, é ele considerado ainda pior do que o ladrão de galinhas, porcos e cães. Por quê? Porque o mal praticado é maior, ele causa mais danos aos outros e seu crime é maior ainda.
Indo além, se alguém mata um inocente e lhe tira as roupas, a lança e a espada, o mal praticado é ainda maior que o de roubar cavalos e gado. Por quê? Porque quanto mais dano alguém causa aos outros, pior é ele considerado, e maior é o crime.
Todas as pessoas educadas condenam tais ações e as classificam como erradas. Mas as mesmas pessoas não verificam que uma guerra de agressão contra outro país é errada e, em vez disso, louvam-na e lhe dão apoio. Consideram que é certo fazer assim. Poder-se-á dizer que tais pessoas conhecem a diferença entre o certo e o errado?
Considera-se errado matar uma pessoa e o crime é punido por uma morte. Seguindo esse raciocínio, o crime de cometer dez mortes é dez vezes pior que o de matar uma pessoa e o crime do assassino é dez vezes maior. Matar cem pessoas seria cem vezes pior e o crime é multiplicado por cem.
Todas as pessoas educadas condenam tais assassínios e os classificam como errados. Mas as mesmas pessoas não têm consciência de que uma guerra de agressão contra outro país é errada e, em vez disso, louvam-na e lhe dão apoio. Consideram que é certo fazer assim. Não estão realmente conscientes de que isso é errado, pois escrevem a respeito de tais guerras de agressão em seus livros de história. Se soubessem que era errado, não o fariam.
Ora, se alguém condena um pequeno erro como "erro", mas não considera o grande erro da agressão contra um vizinho, e em vez disso lhe dá louvor e apoio, como se poderá dizer que tal pessoa conheça a diferença entre o certo e o errado?
Vemos, portanto, que as pessoas educadas deste mundo não conhecem a diferença entre o certo e o errado.

Motsé [c. 501-416 a.C.]

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