Vê, Lereno desgraçado,
O teu destino cruel;
Amar, e morrer de amores,
Por quem te não é fiel.
Vêm os terríveis ciúmes
Rodear-te de tropel;
Hás de contínuo sofrê-los
Por quem te não é fiel.
Dos amantes desgraçados
Vê o terrível painel,
Tanto tens que suportar
Por quem te não é fiel.
Verás as doces promessas
Converter-se amargo fel,
Desvanecer-se a esperança
Por quem te não é fiel.
A mão treme de assustada,
Cai dos dedos o pincel,
Não pinto o que hás de passar
Por quem te não é fiel.
Nunca beleza, e constância
Guardarão próprio nivel;
Sofre por Lília, mas sofre
Por quem te não é fiel.
Embora seja enganado
O néscio amante novel,
Qu'o tempo te desengana;
Por quem te não é fiel.
Mas amor tem arte, e jeito
D'espalhar seu doce mel,
E te faz ser doce a morte
Por quem te não é fiel.
O teu destino cruel;
Amar, e morrer de amores,
Por quem te não é fiel.
Vêm os terríveis ciúmes
Rodear-te de tropel;
Hás de contínuo sofrê-los
Por quem te não é fiel.
Dos amantes desgraçados
Vê o terrível painel,
Tanto tens que suportar
Por quem te não é fiel.
Verás as doces promessas
Converter-se amargo fel,
Desvanecer-se a esperança
Por quem te não é fiel.
A mão treme de assustada,
Cai dos dedos o pincel,
Não pinto o que hás de passar
Por quem te não é fiel.
Nunca beleza, e constância
Guardarão próprio nivel;
Sofre por Lília, mas sofre
Por quem te não é fiel.
Embora seja enganado
O néscio amante novel,
Qu'o tempo te desengana;
Por quem te não é fiel.
Mas amor tem arte, e jeito
D'espalhar seu doce mel,
E te faz ser doce a morte
Por quem te não é fiel.